Sempre que decido ir ver uma peça de teatro, não levo comigo apenas o prazer de assistir à arte da representação; levo comigo todo o meu espírito crítico de aprendiz de ator. Procuro examinar o trabalho dos atores, a luz, o som, o texto, a forma como cada palavra é interpretada. E, como admirador da obra do dramaturgo italiano Luigi Pirandello e a sua abordagem original ao teatro, tento constantemente adivinhar o que virá a seguir.
"Quem é a Fofinha" conquistou-me logo no primeiro minuto. Mesmo com todos os meus sentidos alerta, fui surpreendido pelo surgimento de Mada Lena, por entre o público. A sala já batia palmas.
Com efeito, o texto de Beth Rizzo e Ênio Gonçalves, apesar de ser uma comédia que faz rir o público do princípio ao fim, dos mais magros aos mais fofinhos, dos mais novos aos mais velhos, não se fica pelo riso fácil. Debaixo da sua superfície cómica, a peça aborda temas profundos e sérios, que fazem o público reflectir sobre a sociedade atual e mesmo sobre a construção de cada personagem. Tudo isto é sustentado por um inteligente trabalho de luz e som e uma inconografia brilhante exposta no cenário.
Como se tudo isto não bastasse para fazer de "Quem é a Fofinha?" um sucesso, as interpretações de Beth Rizzo e Ronaldo Barbosa, que mudam de registo com uma mestria impressionante a cada cena, elevam a peça a um novo patamar.
Muitos Parabéns!
Saudades de Arcos de Valdevez, Portugal.
Céu e Luís.